Aristides de Sousa Mendes, passagem para a liberdade
«Aristides de Sousa Mendes nasceu a 19 de julho de 1885, em Cabanas de Viriato, distrito de Viseu e era filho do Juiz José de Sousa Mendes e de Maria Angelina Ribeiro de Abranches. Teve um irmão gémeo de nome César, que tal como Aristides seguiu a carreira diplomática e que foi nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros quando Salazar tomou posse como Primeiro-Ministro.
Casou-se com a sua prima direita Maria Angelina Coelho de Sousa Mendes de quem viria a ter 14 filhos.
Como Cônsul de 2ª. Classe exerceu funções na Guiana Inglesa, Galiza, Zanzibar, Curitiba e em S. Francisco da Califórnia, Maranhão, Vigo e Antuérpia como Cônsul de 1ª. Classe. Nomeado para exercer funções como Cônsul-Geral em Bordéus, em 1939, pouco antes do início da 2.ª Grande Guerra, Aristides de Sousa Mendes viu-se confrontado com um problema de consciência: por um lado, a afluência de milhares de refugiados que, com a invasão da França pelas tropas alemãs, afluíram a Bordéus na esperança de conseguir um visto para a Liberdade (Américas do Norte e do Sul, principalmente); por outro lado, as ordens recebidas do seu próprio Governo (Circular 14) que o impediam de passar vistos à maior parte dos refugiados, nomeadamente judeus, exilados políticos e cidadãos provenientes de países do Leste Europeu, sob pena de vir a ser castigado.
Perante esse dilema, Aristides de Sousa Mendes optou por obedecer à sua consciência e desse modo, contrariando ordens, decidiu passar vistos para a liberdade a todos que o solicitassem, independentemente da sua religião, raça ou credo político. O seu gesto, para além de afetar os seus filhos, que se viram obrigados a emigrar, valeu-lhe a instauração de um processo disciplinar que na prática teve como resultado final a expulsão da carreira diplomática, apesar de no despacho de punição, datado de outubro de 1940, constar que o mesmo deveria ficar na situação de inatividade com direito a metade do vencimento da categoria, durante um ano, findo o qual deveria ser aposentado.
Ora, nem mesmo essa situação lhe foi concedida, conforme se pode verificar no Anuário Diplomático de 1954 (ano da sua morte), onde consta que o mesmo se encontrava naquela data a aguardar passagem à situação de reforma. Aristides de Sousa Mendes faleceu ignorado até pelos seus amigos e na situação de miséria em 3 de abril de 1954, no Hospital da Ordem Terceira de S. Francisco, em Lisboa.
O seu gesto só foi relatado e enaltecido depois de 25 de Abril de 1974, principalmente pela imprensa, sendo reabilitado pela Assembleia da República em 1988 (sob proposta de vários deputados entre os quais o Dr. Jaime Gama e o Dr. Jorge Sampaio) portanto, catorze anos depois da instauração do regime democrático em Portugal.
Depois disso, muitas homenagens lhe foram feitas em Portugal e no estrangeiro. Sem esquecer o valor e significado de muitas outras, realço a condecoração – Grã Cruz da Ordem de Cristo – que lhe foi atribuída pelo Senhor Presidente da República em 1995, por iniciativa da Senhora Dr.ª Maria Barroso Soares.
De modo a melhor divulgar o gesto de Aristides de Sousa Mendes, foi decidido pela sua família, com o apoio de várias entidades, criar a Fundação Aristides de Sousa Mendes. Esta tem como principal objetivo recuperar a Casa do Passal (que pertenceu a Aristides de Sousa Mendes), em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal, a fim de nela instalar uma Casa Museu, Centro de Exposições, Biblioteca e Arquivo. Para além de vir a ser também a sede da Fundação.
Álvaro de Sousa Mendes
(Presidente do Conselho de Administração da Fundação Aristides de Sousa Mendes)»
Fonte: https://www.sgmf.gov.pt/media/dados/PDF/ARQ/ESTUDOS/ARQ_EST_ARISTIDES.pdf
Histórias de passagem para a liberdade pesquisadas pelos alunos no ano letivo 2022/23:
Adele van den Bergh: do Milena ao Excalibur
Henry Diner: uma fuga num Dash azul metálico
Michael Spett: como a sorte e o engenho do meu pai nos salvou
Ligações importantes sobre a história de Aristides de Sousa Mendes:
Livro de registo de emolumentos consulares do consulado de Bordéus
Processo individual de Aristides de Sousa Mendes
Exposição Virtual «Vidas Poupadas»
Fundação Aristides de Sousa Mendes
Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes
Portal do Instituto Diplomático
Programa Nacional Nunca Esquecer
Sousa Mendes Foundation
Livro «O essencial sobre Aristides de Sousa Mendes» de Cláudia Ninhos
Série documental «Vistos para a vida», da autoria de Lúcia Gonçalves, SIC
Casou-se com a sua prima direita Maria Angelina Coelho de Sousa Mendes de quem viria a ter 14 filhos.
Como Cônsul de 2ª. Classe exerceu funções na Guiana Inglesa, Galiza, Zanzibar, Curitiba e em S. Francisco da Califórnia, Maranhão, Vigo e Antuérpia como Cônsul de 1ª. Classe. Nomeado para exercer funções como Cônsul-Geral em Bordéus, em 1939, pouco antes do início da 2.ª Grande Guerra, Aristides de Sousa Mendes viu-se confrontado com um problema de consciência: por um lado, a afluência de milhares de refugiados que, com a invasão da França pelas tropas alemãs, afluíram a Bordéus na esperança de conseguir um visto para a Liberdade (Américas do Norte e do Sul, principalmente); por outro lado, as ordens recebidas do seu próprio Governo (Circular 14) que o impediam de passar vistos à maior parte dos refugiados, nomeadamente judeus, exilados políticos e cidadãos provenientes de países do Leste Europeu, sob pena de vir a ser castigado.
Perante esse dilema, Aristides de Sousa Mendes optou por obedecer à sua consciência e desse modo, contrariando ordens, decidiu passar vistos para a liberdade a todos que o solicitassem, independentemente da sua religião, raça ou credo político. O seu gesto, para além de afetar os seus filhos, que se viram obrigados a emigrar, valeu-lhe a instauração de um processo disciplinar que na prática teve como resultado final a expulsão da carreira diplomática, apesar de no despacho de punição, datado de outubro de 1940, constar que o mesmo deveria ficar na situação de inatividade com direito a metade do vencimento da categoria, durante um ano, findo o qual deveria ser aposentado.
Ora, nem mesmo essa situação lhe foi concedida, conforme se pode verificar no Anuário Diplomático de 1954 (ano da sua morte), onde consta que o mesmo se encontrava naquela data a aguardar passagem à situação de reforma. Aristides de Sousa Mendes faleceu ignorado até pelos seus amigos e na situação de miséria em 3 de abril de 1954, no Hospital da Ordem Terceira de S. Francisco, em Lisboa.
O seu gesto só foi relatado e enaltecido depois de 25 de Abril de 1974, principalmente pela imprensa, sendo reabilitado pela Assembleia da República em 1988 (sob proposta de vários deputados entre os quais o Dr. Jaime Gama e o Dr. Jorge Sampaio) portanto, catorze anos depois da instauração do regime democrático em Portugal.
Depois disso, muitas homenagens lhe foram feitas em Portugal e no estrangeiro. Sem esquecer o valor e significado de muitas outras, realço a condecoração – Grã Cruz da Ordem de Cristo – que lhe foi atribuída pelo Senhor Presidente da República em 1995, por iniciativa da Senhora Dr.ª Maria Barroso Soares.
De modo a melhor divulgar o gesto de Aristides de Sousa Mendes, foi decidido pela sua família, com o apoio de várias entidades, criar a Fundação Aristides de Sousa Mendes. Esta tem como principal objetivo recuperar a Casa do Passal (que pertenceu a Aristides de Sousa Mendes), em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal, a fim de nela instalar uma Casa Museu, Centro de Exposições, Biblioteca e Arquivo. Para além de vir a ser também a sede da Fundação.
Álvaro de Sousa Mendes
(Presidente do Conselho de Administração da Fundação Aristides de Sousa Mendes)»
Fonte: https://www.sgmf.gov.pt/media/dados/PDF/ARQ/ESTUDOS/ARQ_EST_ARISTIDES.pdf
Histórias de passagem para a liberdade pesquisadas pelos alunos no ano letivo 2022/23:
Adele van den Bergh: do Milena ao Excalibur
Henry Diner: uma fuga num Dash azul metálico
Michael Spett: como a sorte e o engenho do meu pai nos salvou
Ligações importantes sobre a história de Aristides de Sousa Mendes:
Livro de registo de emolumentos consulares do consulado de Bordéus
Processo individual de Aristides de Sousa Mendes
Exposição Virtual «Vidas Poupadas»
Fundação Aristides de Sousa Mendes
Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes
Portal do Instituto Diplomático
Programa Nacional Nunca Esquecer
Sousa Mendes Foundation
Livro «O essencial sobre Aristides de Sousa Mendes» de Cláudia Ninhos
Série documental «Vistos para a vida», da autoria de Lúcia Gonçalves, SIC