No passado dia 13 de Março realizou-se uma visita de estudo das turmas de 9º ano da Escola Secundária de Vilela à Sinagoga de Lisboa. Neste dia, os alunos do projeto NOMES puderam contactar com a Dra. Renata Feist, filha de pai judeu e mãe católica, que tem colaborado com duas alunas do projecto na reconstituição da história dos seus pais que, após terem vivido em Solingen, na Alemanha, mudaram-se para Portugal na década de 30.
Atividade «Pode acontecer de novo» - Reflexão escrita Após assistir ao documentário, a frase que mais se destacou e me fez reflectir foi: “Só fica na memória o que não pára de doer”. Aquilo que nos dá prazer e felicidade torna-se intenso no momento ou momentos em que acontece. Perdura na nossa memória mas vai-se desvanecendo… Aquilo que nos dói, dói imenso… Quando acontece sentimos essa dor, e ela fica sempre a doer como uma ferida aberta que não cicatriza. Até se pode ser rico, viajar, ter tudo aquilo que se sonha e se quer… Mas, se houver dor… não há dinheiro no mundo que compre esse sofrimento… Dói sempre… e perdura … perdura ao longo do tempo… Dentro desta temática lembrei-me dos prisioneiros de guerra: eles sobreviveram à guerra colonial e o nosso Estado até tentou apagar-lhes da memória essa dor dando-lhes um subsídio, isto é, “calando-os”, “silenciando-os”. Mas, com o passar dos anos os familiares dessas pessoas relatam que eles, desde esse preciso momento, vivem em constante sofrimento, alguns porque perderam “membros”, outros não conseguem apagar das suas memórias esses episódios aterradores, e recordam constantemente os momentos em que as suas vidas chegaram ao fim… não porque morreram, mas porque se tornaram pessoas tristes, sofridas, tornando-se frias e revoltadas… Recensão crítica Neste livro, Primo Levi relata a sua viagem desde a libertação do campo de Auschwitz, até à sua inesperada chegada a casa, em Turim. Esta sua jornada durou cerca de nove meses; nove meses esgotantes, cheios de paragens pelo desconhecido terreno polaco, ucraniano, russo, romeno, búlgaro, eslovaco, austríaco, alemão, e por fim, por locais não tão desconhecidos a este ser humano, solo italiano e não tão diferente da sua terra natal. Travou várias amizades, algumas dela inicialmente complicadas: com o grego, Mordo Nahum, o seu sócio de quarenta anos que, à primeira vista, só os sapatos de couro eram notáveis, e também o enorme saco que levava consigo, o que equivalia a esmeradas habilidades mercantis, sendo que estes objectos eram raramente encontrados em alguém que tinha acabado de sair de Auschwitz, e como dizia o grego “Quem não tem sapatos é um palerma.” (p.41); quando chegou ao campo de Bogucice, em Katowice, conheceu o médico de cuidados básicos, Leonardo, com quem trabalhou no consultório, e Maria Fiodorovna, de quem obteve o “propusk”, que o autorizava a entrar e sair do campo quando quisesse, e reencontrou Cesare, que havia conhecido em Auschwitz, e com quem também trabalhara no mercado. Ao fim dos nove meses, a 19 de Outubro de 1945, Levi chega a casa após uma viagem de comboio que durou trinta e cinco dias. Ninguém o esperava e, muito provavelmente, ele não teria feito esta surpresa à família se não fosse a pessoa que fosse e, assim, criar as amizades que criou e que o ajudaram por vários momentos difíceis, desde a Buna até Turim. Uma recensão crítica Apenas com 24 anos, Primo Levi, um químico nascido em Turim, foi capturado pelas forças alemãs a 13 de Dezembro de 1943. Nos interrogatórios, o italiano declarou-se como cidadão de raça judaica, sendo assim mandado para Fóssoli, chegando a este campo de internamento em finais de Janeiro de 1944. Mas a 22 de Fevereiro desse mesmo ano, partiu numa viagem de 15 dias, com destino a Auschwitz. Aí ficou até Janeiro de 1945, quando os soldados russos chegaram ao campo e este foi libertado. Neste período de tempo retratado, conheceu gente de quem teve de se despedir mais tarde, como por exemplo Alberto; trabalhou na Buna e lutou até ao fim para se ajudar a si e a quem esteve ao seu lado. |
Autor(es)Projeto N.O.M.E.S. Arquivos
July 2023
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